Um projeto do arquiteto Marcos Boldarini para o programa de urbanização de favelas da Secretaria de Habitação de São Paulo (Sehab) criou espaços de uso comum e lazer na Favela Nova Jaguaré e foi publicado no número 217 da revista AU Arquitetura e Urbanismo, nos idos de abril de 2011. Essa edição da revista, com a palavra “renovação” na capa, foi dedicada a mostrar intervenções contemporâneas que reabilitaram edifícios ou conjuntos edificados, mostrando uma arquitetura feita em interação com construções existentes.

Habitações sendo demolidas em área de risco na favela Nova Jaguaré. Em primeiro plano o conjunto habitacional Cingapura de 1993. Foto: Daniel Ducci.

A intervenção na Nova Jaguaré, consistiu em demolir construções em situação de risco num talude muito íngreme da favela, executar obras de contenção para evitar deslizamentos, criar acessos, um centro comunitário, quadras de esporte e brinquedos para crianças. A população desalojada foi transferida para blocos novos numa ponta da favela, junto à avenida José Maria da Silva.

Imagem Google: Vista da Nova Jaguaré, com a área de intervenção destacada em amarelo à esquerda e os blocos novos na ponta da favela à direita (indicados no mapa abaixo).

Mapa da ZEIS com situação anterior e situação conforme foi construído. Publicado em http://www.favelasaopaulomedellin.fau.usp.br/areas-de-estudo/vila-nova-jaguare/

Nas fotos de Daniel Ducci, tiradas na época da inauguração do espaço de lazer  (2011), impressiona a área livre que resultou da intervenção. O acesso pelo centro do conjunto Cingapura (a partir da rua Três Arapongas) e a escadaria metálica solta vencendo o talude permitiam que a área comum criada fosse de fato área de acesso público.

2011, Foto: Daniel Ducci

No entanto, a largueza do espaço livre foi demais. Hoje as áreas verdes em talude foram totalmente tomadas por residências, que já abraçam a escadaria.

Maio/2018. Foto: FMM

Maio/2018. Foto: FMM

2011. Vista do centro comunitário sob a escadaria. Foto: Daniel Ducci

Maio/2018. Vista do centro comunitário sob a escadaria. Carros e casas ocupando a praça. Foto: FMM

2011. Acesso pela rua Três Arapongas. Foto: Daniel Ducci

Maio/2018. Acesso pela rua Três Arapongas. Foto: FMM

A intervenção arquitetônica de Marcos Boldarini, dentro do raciocínio pragmático de urbanizar as favelas, atuou sobre o existente aproveitando a contenção de taludes para abrir acessos e áreas comuns. A realidade retoma e vai ocupando tudo que “não tem uso”, sobram quadras e acessos. Por enquanto.

Imagem Google

Na outra ponta da Nova Jaguaré, a generosidade do espaço do talude e o próprio recuo de outro Conjunto Cingapura (faixa destacada em laranja) também se revelaram excessivos. Tudo vai sendo ocupado em extensão e em altura. Há imóveis que dão porta para a rua de cima (José Maria da Silva) e, por meio de frágeis escadas, também para a via de baixo, nada menos que a pista local da Marginal Pinheiros.

Imagem Google

Imagem Google – Construção no recuo do Conjunto Cingapura

Muito material e trabalho investido, recuos desaparecidos. Fica assim?

 

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