Trecho da Planta da Cidade de São Paulo levantada pela Companhia Cantareira e Esgotos, 1881, engenheiro Henry B. Joyner.

A abertura da praça do Patriarca foi uma decorrência da construção do Viaduto do Chá. O viaduto foi concebido por Jules Martin em 1877, ligando a rua Direita à Barão de Itapetininga. No entanto, para viabilizá-lo, foi necessária a demolição do sobrado que então pertencia ao Barão de Tatuí. O tal sobrado ficava na rua de São José, hoje Líbero Badaró, bem no caminho da nova ligação viária. O mapa de São Paulo de 1881 mostra o casarão do Barão de Tatuí “fechando” a rua Direita, na mira do novo viaduto.

Foto: 1889. Fotógrafo desconhecido

A casa do Barão de Tatuí já semidemolida e o Viaduto do Chá em obras, o viaduto foi inaugurado em 1892. O mesmo Barão de Tatuí decidiu construir, na metade que lhe restou do terreno, uma nova casa, elegante, desenhada por Ramos de Azevedo (c. 1894-1896).

Cartão Postal –  Viaduto do Chá em direção à rua Direita – vê-se ao fundo a torre da igreja de Santo Antônio, à esquerda a nova casa do Barão de Tatuí.

No entanto, a nova casa do Barão de Tatuí não durou nem 20 anos, também ela ficou no caminho dos planos de modernização da cidade e foi demolida em 1912. O plano Bouvard para o Vale do Anhangabaú (1911) estabeleceu uma praça junto à boca do viaduto no centro velho, visando favorecer o desafogo da área central, estabelecendo ligações mais diretas com o entorno.  A demolição do quarteirão diante da igreja de Santo Antônio foi feita em 1923 e a praça inaugurada em 1926.

Cartão Postal. Final da década de 1920/ início da década de 1930

Cartão Postal. Final da década de 1920/ início da década de 1930

Esse primeiro traçado da praça, com o quarteirão calçado e a coluna no meio, teve vida ainda mais breve do que a nova casa do Barão de Tatuí, durou apenas doze anos.

Com o Plano de Avenidas de Prestes Maia, foi esboçado o sistema Y de avenidas de fundo de vale (Vinte e Três de Maio e Nove de Julho de um lado, atual avenida Prestes Maia de outro), solução em que o Anhangabaú funcionaria como porta de entrada do centro para os que chegavam de carro do sul e norte da cidade. Para dar espaço às avenidas no vale, foi feito um concurso para um novo Viaduto do Chá. Ganhou o projeto art déco de Elisiário da Cunha Bahiana (1934/1938) e, com isso, a praça do Patriarca foi remodelada.

Ca. 1938 Foto do novo viaduto do Chá ao lado do antigo, que então ainda não havia sido demolido. Autor desconhecido.

O novo viaduto do Chá foi construído ao lado do velho, de maneira a não interromper a ligação viária. Bem mais largo, o novo viaduto passou a compor uma das laterais da praça do Patriarca, que teve sua área diminuída a favor do aumento das vias.

Foto 1943 Autor:  Benedito Junqueira Duarte 

Contando que muitos deixariam o carro no vale e subiriam a pé para as ruas mais estreitas e apinhadas do centro, Elisiário Bahiana criou um acesso com escada rolante entre o Vale do Anhangabaú e a Praça do Patriarca: a Galeria Prestes Maia. Para proteger o acesso a essa passagem, foi criada uma cobertura discreta no centro da praça do Patriarca.

Foto 1966 Autor desconhecido

A cobertura da galeria Prestes Maia acabou sendo seccionada e perdeu a forma elíptica, ficou retangular, permitindo a redução do comprimento da ilha central, dando maior espaço aos veículos.

Foto: Mônica Zarattini, Acervo Estadão

Em 1972, a praça ganhou a estátua do Patriarca, autoria de Alfredo Ceschiatti, peça doada pela comunidade libanesa de São Paulo. A estátua foi instalada na ilha central, de costas para o acesso à galeria Prestes Maia.

Praça do Patriarca tomada pelos ônibus. Foto: http:/imponibus.fotopic.net

O sistema de avenidas ao longo do vale do Anhangabaú assumiu cada vez mais uma característica de tráfego de passagem, traço definitivamente assumido pelo projeto do parque Anhangabaú, inaugurado em 1992, que enterrou o sistema viário naquele trecho. Com isso, diminuiu em grande parte a função de acesso da galeria Prestes Maia. Também em 1992, a Associação Viva o Centro encarregou Paulo Mendes da Rocha de um projeto de revitalização da praça do Patriarca, na época repleta de ônibus.

Maio 2012

Em entendimento com a prefeitura a praça foi reservada ao tráfego de pedestres, Paulo Mendes da Rocha manteve no calçamento do piso a memória da antiga ilha central, deslocou a estátua do Patriarca em direção ao cruzamento das ruas Direita e São Bento e criou uma nova cobertura para o acesso à galeria Prestes Maia.

Maio 2012

Uma cobertura imodesta, uma placa suspensa de 500 m2,  tamanho de um bom terreno urbano, sustentada por um pórtico com vão livre de 40 m. A cobertura foi definida como uma casca de aço delgada com longarinas internas, a viga do pórtico de aço, além de suster a placa, foi dimensionada para resistir aos esforços de torção, provenientes da ação do vento.

Tão sutil em corte, a cobertura suspensa cria um importante obstáculo visual para quem está na praça e mira o vale do Anhangabaú. A nova praça foi concluída em 2002.

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