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Planta de São Paulo e seus arrabaldes, Jules Martin, 1890. Destacado em preto, o contorno aproximado da cidade em 1810 de acordo com mapa do Capitão de Engenheiros Ruenio J. Felizardo e Costa.

O primeiro mapa da cidade de São Paulo feito após a proclamação da República é de 1890. Nessa ocasião, o município tinha 65.000 habitantes. Essa planta foi desenhada e publicada por Jules Martin (o francês que empreendeu o Viaduto do Chá). Nela, a mancha urbana se espalha, com vazios internos de rios e várzeas, não excedendo a uma área circular de aproximadamente 4.900 metros de diâmetro, tendo por centro geográfico aproximado a esquina da Rua 25 de Março com a Rua General Carneiro (na época Rua João Alfredo), indicado no mapa em vermelho. Nesse blog, essa é a planta que define o centro de São Paulo.

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Planta de São Paulo, Dr. Gomes Cardim, 1897. Os círculos em amarelo indicam alguns dos bairros que foram surgindo destacados da mancha urbana

Entre 1890 e 1900, São Paulo teve um crescimento enorme, o censo de 1900 indica 240.000 habitantes no município. O mapa de 1897 (organizado por Gomes Cardim) já mostra o crescimento explosivo, com vários arruamentos isolados, como apêndices, destacados da mancha urbana: Vila Prudente, Vila Gomes Cardim, Vila Cerqueira César, Ipiranga, Vila Clementino, Perdizes (destacados com contorno amarelo).

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 Planta de São Paulo e seus arrabaldes, Jules Martin, 1890.

Além de oferecer um centro que é passível de ser cruzado a pé, o mapa de Jules Martin destaca uma série de edifícios que seguem na paisagem paulistana. Nos limites da mancha urbana de então (destacados em vermelho): ao norte, o convento da Luz e Museu de Arte Sacra, à oeste duas igrejas, a de Santa Cecília e a da Consolação (essa reconstruída sob projeto de Maximilian Emil Hehl de 1909), ambas em regiões que têm assistido a um afluxo de população jovem na última década. À leste, no Brás, as antigas estações vizinhas da São Paulo Railway (reconstruída na última década do século 19) e da Estrada de Ferro Central do Brasil, essa última foi reformada da década de 1940, passando a apresentar linhas art déco – ambas integram hoje a Estação Brás da CPTM, e, mais ao sul, a antiga Hospedaria dos Imigrantes, hoje Museu da Imigração.

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outubro 2016  Convento da Luz – Museu de Arte Sacra (avenida Tiradentes, 676)

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dezembro 2016 Fundos da Igreja de Santa Cecília

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abril 2017 Igreja da Consolação, praça Roosevelt

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janeiro 2017 Ala que restou da Estação Brás da São Paulo Railway, hoje CPTM

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outubro 2015 Antiga Estação do Norte da Central do Brasil, reformada na década de 1940, hoje CPTM

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setembro 2015 Museu da Imigração

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O mais curioso do mapa de Jules Martin de 1890 é a legenda sucinta e os itens destacados pelo autor – marcados em amarelo no mapa lá em cima. Os itens 1 e 3 dizem respeito à modernização e crescimento da cidade, os bondes e os enormes armazéns da ferrovia. Esses antigos “Armazéns de cargas”  hoje são um Mercado Municipal: Central de Abastecimento Pátio do Pari.

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junho 2017 Central de Abastecimento Pátio do Pari

E o item 2?  Por que esse destaque ao monumento de José Bonifácio?

monumento_jose_bonifacio_moco_reproducao_corteAcervo Estadão, foto autor desconhecido

O monumento em homenagem a José Bonifácio de Andrada e Silva, o Moço, neto do “Patriarca da Independência”, ficava no Largo de São Francisco em frente ao convento dos franciscanos e durou ali 45 anos. Inaugurado em outubro de 1890 – portanto do mesmo ano do mapa de Jules Martin – o pedestal e a estátua atingiam mais de 9 metros de altura! Essa estátua hoje está num nicho no hall da Academia de Direito da USP. O enorme pedestal, por sua vez, foi demolido em 1935, para aliviar o trânsito no largo.

 

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